sábado, 23 de março de 2013

Música - Alimento para MENTE e ALMA


Música, alimento da alma e da mente.

Que consequências positivas pode haver no processo de aprendizagem com música?

A combinação de sons e silêncio, de melodias, harmonias e ritmos, desde os tempos primórdios, encantam, embalam e contam as culturas das diversas sociedades no decorrer da história. Estudos arqueológicos não podem descrever com precisão a data estimada do surgimento da música como forma de interação social, no entanto é estimado que, pelo desenvolvimento cognitivo do ser humano, os primeiros instrumentos musicais que objetivavam imitar os sons da natureza surgiram há cerca de 40.000 anos atrás, juntamente com o desenvolvimento da língua falada e do canto, com o intuito de comunicação.

A música, durante toda a história, aparece presente em rituais de naturezas diversas: culto aos deuses, à natureza, em casamentos, em nascimentos e falecimentos. Ela também embalava o trabalho no campo, o sono e as brincadeiras das crianças, embalava as interações socioculturais e harmonizava os momentos de ócio. Para Sílvio COSTTA, autor do livro “Como contar histórias usando sons”:

Dança de Cogul. Imagem encontrada em Cogul, Espanha. Mostra a dança das mulheres em torno de um homem nu.

“A música foi criada para expressar sentimento e impressões, e ainda é assim.” (COSTTA,2008, pag.37)

Povos antigos acreditavam que o som fazia parte do equilíbrio espiritual, do todo, sendo assim a audição sentido fundamental para a ligação do homem e do mundo. Crendices à parte, fato importante é que a música, em geral, possui a capacidade de interferir no comportamento emocional humano, isso porque as vibrações do som (ondas sonoras) ao adentrarem o ouvido, se encontram com os nervos auditivos e se transformam em impulsos químicos e nervosos que são registrados pela área do cérebro que normalmente é estimulada pelas emoções; uma vez detectados pelo cérebro, os impulsos são, imediatamente, direcionados para todo o corpo. Tore Sognefest, músico profissional, pianista e colaborador do livro “O CRISTÃO e a MÚSICA ROCK”, baseando-se em estudos científicos a cerca do assunto afirma que:

“... o impacto da música no sistema nervoso e as mudanças emocionais provocados direta ou indiretamente pelo tálamo, afetam processos tais como a frequência cardíaca, a respiração, a pressão sanguínea, a digestão, o equilíbrio hormonal, o humor e as atitudes.”

O tálamo, conjunto de vários núcleos de neurônios localizados no encéfalo que têm como principal função reorganizar os estímulos recebidos, inclusive os impulsos sonoros, também são responsáveis pelo controle das glândulas endócrinas:
“o hipotálamo controla as excreções da glândula tiroide, o córtex adrenal e as glândulas sexuais. Assim, ele influencia a velocidade do metabolismo... bem como também a produção de hormônios sexuais... O hipotálamo tem um efeito marcante na liberação das respostas autônomas provocada pelo medo, raiva, e outras emoções.” (GRIFFITHS, M.; Fisiologista)

A partir dos fatos explícitos concluímos que a música é capaz de provocar efeitos fisiológicos e emocionais nos ouvintes. Voltemos agora para Aristóteles; segundo este, a música aplicada à educação, através de suas melodias e ritmos, teria o poder de moldar o espírito dos jovens. Concorda com ele o filósofo Platão, de quem Aristóteles fora discípulo: “A música é o instrumento educacional mais potente do que qualquer outro”.
Para Aristóteles, a música contribui para a constituição do senso moral, auxilia na aquisição da virtude e habitua o homem a gozar prazeres justos porque a música é, por natureza, agradável. Desta forma, a música alimenta a alma!

A música gera um tipo de prazer sem o qual a natureza humana não pode passar. (Confúcio)
Em suas teorias acerca da educação, Aristóteles explora ainda a “dimensão poética”, ação criadora estética de beleza. Aristóteles insere a poética como parte insolúvel da arte: ação criadora intelectual acoplada a conhecimento técnico que objetiva suprir as carências da natureza. Inseridos na dimensão poética pregada por Aristóteles encontram-se, não somente as belas artes, como também atividades que, definitivamente, complementam a natureza: trabalhos artesanais, de arquitetura, alimentação, de cuidados para com a saúde e etc. No entanto, para este trabalho, nos concentraremos na produção de poesia, a criação literária intelectual que busca e exprime a essência de si e o conhecimento de mundo.

“O homem, com ajuda da poesia e da educação, toma em suas próprias mãos o funcionamento da natureza e age em seu lugar, num nível superior.” (HOURDAKIS, 2001, PAG 70)

Entende-se por poesia toda a criação literária esculpida em versos, e, quando há união entre música e poesia, som e letra, o resultado é, além de alimento para alma, alimento para mente, isso porque a mente passa a trabalhar com o concreto, com a materialização das ausências tecida através das palavras.

Durante muito tempo a música era composta somente pela harmonia instrumental, o canto não era a ela incorporado, instrumentos de corda, sopro e percussão eram os únicos meios de produção musical. Ao poucos o universo das palavras foram sendo inseridos no contexto musical, primeiro utilizando a música como pano de fundo para narrativas líricas e para as encenações teatrais, posteriormente acopladas à partitura. A música se torna então poesia, ou a poesia se torna música, independente da ordem dos fatores, o interessante se dá pelo fato da arte literária ter fundido a arte instrumental e assim, juntas, propiciarem o alimento para alma e mente.